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Biometano de aterros pode suprir 5% da demanda de gás natural

Biogás

Por ABEGAS – 21/03/2025

A partir do biogás gerado pela decomposição da fração orgânica do lixo de aterros o Brasil tem potencial de atingir capacidade de produção de biometano de 2,86 milhões de metros cúbicos por dia, o que poderia suprir cerca de 5% da demanda nacional por gás natural.

A estimativa, de estudo da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente, a Abrema, é até conservadora. Outra associação mais otimista, a Abiogás, representante direta do setor, eleva esse volume potencial para 6,1 milhões de m3/dia.

Independente de qual projeção está mais correta, o aproveitamento energético dos resíduos sólidos urbanos, com a purificação do biogás captado de aterros para sua transformação em gás natural renovável, deve atrair investimentos até 2029 de cerca de R$ 8 bilhões, ainda de acordo com a Abrema.

O aporte, na avaliação da associação, deve ser de grupos já estruturados para a operação, proprietários das primeiras unidades, caso das empresas Orizon, Solví, Estre, ZEG Biogás, MDC e Marquise.

As mesmas empresas têm outros projetos em desenvolvimento, alguns já em processo de autorização pela ANP. E o ritmo dos investimentos tende a se intensificar por conta do incentivo criado pela lei do Combustível do Futuro (14.993/2024), promulgada em outubro do ano passado e que criou um mandato de compra obrigatória do biometano por produtores e importadores de gás natural.

Da capacidade instalada atual de biometano no país, com oito plantas operação, de quase 800 mil m3/dia, seis captam biogás de resíduos sólidos urbanos de aterros para a produção e outras duas de resíduos agrossilvopastoris.

Entre as mais 31 unidades em processo de autorização na ANP, que devem elevar a produção nacional a 2 milhões de m3/dia até o fim do ano, mais sete serão em aterros sanitários e as outras 24 utilizarão resíduos agrossilvopastoris, industriais e de lodo de esgoto.

Com isso, o Brasil terá 13 unidades de biometano de aterros em breve.

Acima de 640 t/dia de RSU

No longo prazo a tendência deve ser o crescimento do mercado de biometano replicar o cálculo dos mercados potenciais da Abiogás, com mais projetos vindos de setores produtivos.

Do total estimado em 120 milhões de m3/dia possíveis de serem gerados de biometano no país, a associação acredita que 57,6 milhões m3 são de resíduos do setor sucroenergético, seguido pelos da proteína animal (38,9 milhões m3) e da produção agrícola (18,2 milhões).

Isso porque via aterros a produção tem alguns limitantes. Para começar, um aterro, segundo a Abrema, só é viável para a implantação de unidade de biometano quando recebe no mínimo 640 t/dia de lixo, o que limita o número de municípios viáveis no país e/ou exige a formação de operações regionalizadas entre algumas cidades para a implantação dos projetos.

O outro ponto é que a operação do aterro tem vida útil, que pode variar de 20 a 50 anos. E quando a central chega ao seu fim, apesar de ainda haver geração de biogás por cerca de 15 anos, a produção decrescente passar a tornar inviável a unidade de biometano, investimento um pouco elevado que utiliza sistema para remoção do gás carbônico e de traços de outros gases (nitrogênio e sulfeto de hidrogênio) contidos no biogás in natura.

Mas, em razão de Brasil ainda destinar de forma inadequada 41% dos seus resíduos sólidos urbanos, há ainda muitas possibilidades de expansão, para além dos aterros já em operação, ou seja, para novos que deverão entrar em operação nos próximos. Isso principalmente ao se saber que o prazo para erradicação dos lixões, da Política Nacional de Resíduos Sólidos Urbanos, se esgotou em agosto de 2024.

Fonte: EnergiaHoje

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