Desde a terceira Conferência das Partes (COP), em 1997, países de todo o mundo definiram uma série de ações para mitigar a emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, criando o Protocolo de Kyoto. É neste momento que surge o crédito de carbono, importante ferramenta de cooperação entre diferentes países.
Para entender o que é o crédito de carbono e como ele é gerado, precisamos imergir um pouco mais no contexto ambiental e histórico.
Porque devemos compensar e diminuir nossa produção de carbono e outros gases de efeito estufa
De efeito estufa ao aquecimento global, crise e emergência climática, o que todos os termos têm em comum é o aquecimento da Terra devido à alta emissão de gases de efeito estufa e à baixa captação do mesmo.
Estudos científicos atuais já chegaram à conclusão de que esse aquecimento também é proveniente das ações humanas e, de acordo com o Observatório do Clima, podemos ver grandes impactos dessas ações, como a redução das geleiras glaciares desde 1950.
Dentro dos comportamentos humanos que geram o aquecimento global está a queima dos combustíveis fósseis, responsável dois terços da emissão dos gases de efeito estufa. Porém, diminuir a queima não é o suficiente, precisamos pensar em formas de sequestrar os gases que já foram emitidos.
A alta produção de carbono e outros gases de efeito estufa têm como principal resultado o aquecimento da temperatura da Terra, acarretando:
- Aquecimento do mar extinguindo as formas de vida vegetal e animal dali;
- Aumento do nível do mar provocando desastres naturais;
- Eventos extremos de calor ameaçando a vida humana, animal e vegetal;
- Aumento de queimadas em áreas verdes;
- Falta de água e solo seco impedindo o crescimento de alimentos.
O papel do Protocolo de Kyoto na criação do crédito de carbono
O Protocolo de Kyoto é um acordo entre os países que fazem parte da COP. As negociações começaram em 1997, na COP III, mas foi apenas em 2005 que o protocolo foi colocado em vigor, definindo metas para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Entendendo que nem todos os países tinham o mesmo impacto ambiental e que, aqueles que eram mais desenvolvidos tecnologicamente eram também os maiores emissores, foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que possibilitou um trabalho em conjunto onde o emissor apoia financeiramente um país que menos emite e esse, por sua vez, investe em tecnologias para mitigar mais ainda a sua emissão de GEE.
Essa compensação é feita através dos créditos de carbono que, resumidamente, é usada como moeda de troca, ou parâmetro, para definir o volume e o valor que o país deve vender ou comprar a não emissão dos GEE.
O que é o crédito de carbono
O crédito de carbono é então essa moeda de troca entre os países onde pode ser contabilizada a emissão de cada um. Cada crédito de carbono equivale a 1 tonelada de emissão de CO2.
Quando um país ou empresa compra crédito de outro país, isso lhe dá permissão para emitir 1 tonelada de CO2 ou, com outras palavras, se torna um abatimento daquilo que será emitido. O valor é definido pelo mercado de carbono.
No Brasil já é possível comprar e vender crédito de carbono, mas ainda precisamos avançar na regulamentação do mercado, que promete ser um grande contribuinte do PIB, além de ser uma forma de Pagamento por Serviços Ambientais incentivando a preservação ambiental.
Saiba mais sobre o Mercado de Carbono
Como é possível gerar crédito de carbono
A geração de créditos de carbono pode ser feita de variadas formas e é muito importante que em nível mundial essas ações se complementam para o combate ao aquecimento global. Veja algumas das soluções que sequestram ou impedem a emissão de GEE:
1. Sistemas regenerativos e de manejo do solo
A regeneração de áreas degradadas e o manejo de solo em cultivos agrícolas e na agroindústria é uma das formas de gerar crédito de carbono, já que as próprias plantas possuem a capacidade de sequestrar carbono através da sua fotossíntese.
Essa também é uma alternativa para impedir o avanço de áreas de desmatamento, o que gera ainda mais emissão de GEE.
2. Gestão de resíduos
A gestão de resíduos é responsável por 4,3% da emissão de gases de efeito estufa, mas hoje já existem tecnologias como o ecoparques implantados pela Orizon, que ao tratarem os resíduos em decomposição fazem a captação dos gases, especialmente o metano, transformando-o em uma matriz energética.
Esse é um exemplo poderoso de economia circular, onde algo que antes era um problema, agora pode ser usado como um benefício ambiental e econômico.
3. Diversificação da matriz energética
Mundialmente a maior parte da energia é gerada de fontes não renováveis, como a queima de carvão, e esse é um problema tão grande que foi uma das mais importantes pautas da COP 26.
No Brasil já temos boas alternativas energéticas quando falamos de emissão de GEE, como as hidroelétricas ou energia eólica. Mas nós acreditamos que a transformação do resíduo em energia renovável, como o biometano, é uma alternativa que, além de mitigar a emissão dos gases de efeito estufa, ainda é uma solução para a gestão de resíduos.
Em um ecoparque como o da Orizon, de capacidade de processar 870 ton/dia de capacidade de processamento da planta, por exemplo, é possível gerar 4 milhões de tCO2 eq/ano de créditos de carbono e gerar 800 Mwh/ano de energia por fonte renováveis, podendo abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes.